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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Literatura: Aritmética - Fernanda Young


Comprei esse livro ano passado na feira do livro de Pelotas, e foi o romance que mais me fez entender os relacionamentos, em específico as traições no relacionamento. Acho que nunca vi uma escritora dedicar, capítulos grandes, exclusivamente aos sentimentos mais profundos das personagens, sem diálogos, só narrativa. Frustração, desejo, medo, arrependimento, sexo, tudo explícito em mínimos detalhes. Os personagens são muito intrigantes e muito auto-biográficos, isso dá para perceber logo na primeira página. Fernanda está em todos, João, Eduardo, América e principalmente em Elisa. Quero loucamente ler outros romances da F. Young por quê além de ótima escritora de colunas e apresentadora de talk-show, comecei a apreciá-la como escritora de romance depois de ler Aritmética.

"A geometria dos triângulos amorosos." é a primeira frase da contracapa do livro, e realmente triângulos amorosos são tanto quanto, ou até mais, complexos do que a geometria matemática, para mim no caso das duas geometrias é tudo uma questão de "ângulo" ou "referencial" (palavra muito usada na Física). Depende de quem vê e se o triângulo amoroso é equilátero, isósceles, escaleno ou retângulo. O mais confortável de todos é o triângulo amoroso equilátero, pois tem todos os ângulos iguais, nenhum lado está em vantagem ou desvantagem, geralmente os triângulos amorosos equiláteros duram muitos anos, e podem até ser uma relação proveitosa para todos os ângulos. O triângulo amoroso isósceles é um pouco complicado pois tem dois ângulos congruentes, ou seja, um deles pode estar sempre em desvantagem em relação aos outros dois. Uma relação escanela seria muito difícil de se manter, todos os ângulos são diferentes, ninguém nunca estaria satisfeito. E temos por último o mais sábio de todos os triângulos amorosos, o triângulo amoroso retângulo, neste temos a presença do ângulo reto em uma de suas pontas, e a famosa equação Pitagórica pode ser aplicada, (hipotenusa)²=(cateto1)²+(cateto2)², feliz daquele que conseguir ser a hipotenusa nessa relação, assim poderá controlar algebricamente os catetos, que sempre dependerão dela.

Ainda não consegui eu mesmo responder a questão "Porque as pessoas traem?" mas consegui formular várias hipóteses que antes nem me vinham a cabeça. Toda a traição é por insatisfação? Eu acho que sim, mas da maioria das vezes não é insatisfação com o parceiro(a) mas sim com nós mesmos. Nós seres humanos, nunca estamos 100% satisfeitos com o que temos, sempre queremos mais e mais, tudo pode ser mais perfeito do que já é. A traição conjugal torna-se, ao meu ver, um escape para essa realização de desejos não alcançados, que não podemos ou não queremos realizar com nosso love affair. Mas aí entra o ponto crítico, vale a pena? Vale a pena submeter-se as consequencias que virão depois da traição?

Muita gente só pensam na traição do sexo, do desejo, e a traição da cumplicidade, das horas e dos pensamentos? Acho que não é necessário que haja uma terceira pessoa para haver uma traição, amantes podem estar traindo sem sequer figurar outro indivíduo em suas metes. Eu traio, traio muito, sempre traí, e acho difícil não conseguir trair, traio comigo mesmo, invento que estou cansado para poder ficar deitado, sozinho, meus pensamentos e eu, meus livros eu, meu computador e eu. E assim, como sempre vem a incerteza depois de toda traição a minha também vem... será que vale a pena?

L. Bacelar

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